Início » A História das Armas » ARMAMENTO MODERNO » FN FAL – Fusil Automatique Legere

FN FAL – Fusil Automatique Legere

por Ricardo M. Andrade
9 Minutos de leitura

Sejam bem vindos de volta ao blog! Ficamos um tempo fora do ar, mas foi necessário para resolver alguns problemas que tivemos com o servidor de hospedagem, e com tudo sanado voltamos ao que interessa: artigos interessantes para todos os leitores. Meu amigo Daniel Sanábria, o mesmo que me indicou o post sobre a PASAM, também havia me pedido um artigo sobre um dos fuzis usados por nossas forças armadas, o FAL, portanto assentem e saibam mais sobre a história desta arma que compõe o arsenal de todas as nossas forças policiais e Forças Armadas.

A história do FAL, Fusil Automatique Legere, ou, Fuzil Automático Leve (que na verdade é pesado), começa na Segunda Guerra Mundial, quando a FN (Fabrique Nationale de Herstal) queria introduzir o SAFN-49 ou Modele 49, um rifle semiautomático, que infelizmente só pode ser incorporado à suas forças militares em 1949, devido a ocupação nazista na Bélgica.

FAL PROTOTIPO

Prototipo do FAL pronto em 1946 no calibre intermediário .280/30 British

T65

T65 e T65K2, arma que substituiu o FAL.

O projeto do que viria a ser o FN FAL começou antes da 2ªGG e resultou, em 1946, no primeiro protótipo do FAL. Nessa época, as armas eram feitas no calibre 7,92x33mm Kurz, que era amplamente usado pelos alemães durante a 2ª Grande Guerra, inclusive no STG-44 (falamos um pouco dele em nosso artigo sobre a AK-47). O projeto foi liderado por Dieudonne Saive, que trabalhou também no projeto da SAFN-49 em 1950, o armamento foi testado pelo Exército Americano, no calibre .280/30 British, assim como o EM-2 Britânico. Na época, o FAL impressionou os americanos, porém, era incompreensível para eles o uso de calibres intermediários, e insistiram em adotar o T65 em 7,62x51mm como arma padrão da OTAN, nos anos de 1953 a 1954.

fal c2

FAL Canadense, C2, com cano pesado e bipé.

Em 1953 o FAL ficou pronto, mas desta vez em 7,62x51mm, esperando para ser adotado pelos países membros da OTAN. As primeiras encomendas do armamento foram feitas e um dos primeiros países a adotar o fuzil como arma principal foi provavelmente o Canadá, com sua modificação chamada de C1 e a versão com cano pesado e bipé, C2, em 1955. A Bélgica foi adotar o fuzil apenas em 1956. Fatores políticos e a necessidade de fuzis no mercado, certificaram que o FN FAL, seria, juntamente com o M16 americano e a AK-47 soviética, um dos ícones da Guerra Fria.

G3

Em cima uma M14, abaixo um FN FAL 50.00 e abaixo um H&K G3, todos em 7,62x51mm

O FAL possuía um seletor de tiro automático e semiautomático e um alto calibre, ao contrário do SAFN que tinha apenas o modo de disparo intermitente, proporcionando ao FN FAL uma categoria diferente da que ele fazia parte, a Rifle de Batalha (Battle Rifle), permitindo que algumas armas fossem postas em outras categorias por conta do crescente uso de “calibres intermediários”, como o M16 em 5,56x45mm. Outras armas que foram categorizadas como rifles de batalha são o M14 e o H&K G3 (que também é baseado no FAL) sendo que, em geral, essas armas eram consideradas fuzis de assalto por suas qualidades serem similares.

Foi feita também uma versão com cano bull (pesado) e bipé, chamado de SAW – Squad Automatic Weapon – essa versão foi um sucesso para alguns usuários. A definição para Rifle de Batalha também incluía suporte para baioneta e ter a boca do cano intercambiável de acordo com as necessidades da missão e do cliente. De uma forma diferente a FN resolveu colocar a alavanca de manejo do lado esquerdo da arma (contrária a maioria das armas deste tipo), para que o operador continuasse segurando a arma com a  mão que usa para atirar (assumindo que todos os seus operadores são destros), desta forma, a mão de suporte poderia fazer a manobra com a alavanca. Uma alça de transporte dobrável permitia a arma ser transportada de forma mais fácil, e poderia ser recolhida quando a arma estava em ação.

Na parte de fora da arma, o FAL é relativamente limpo e bem feito, o cabo da arma era ergonomicamente angulado e se encontrava logo atrás do conjunto de gatilho. Ele usa operação a gás e seu sistema se encontrava logo acima do cano. Possuía um guarda mãos que protegia o  operador de se queimar com o cano quente. As miras de ferro eram localizadas na parte de trás do corpo da arma e na parte da frente do cilindro de gás. A coronha, normalmente, era feita com uma peça sólida de madeira ou plástico, e possuía também uma versão em que podia ser dobrado ao longo do corpo da arma. Uma das características chave do FAL, era seu carregador em forma de caixa, destacável, com capacidade de 20 munições. Ele possuía 41,5″ no total, pesava em torno de 4kg desmuniciado. Seu cano possuía 21″ e seus tiros chegavam a alcançar 853 m/s na boca do cano. O FN FAL se tornou o símbolo clássico da Europa durante a Guerra Fria.

Na prática, o FAL se provou valer por ter um sistema confiável. Ele bateu todos os requisitos dos altos padrões esperados pela FN, sendo uma arma de fácil manutenção e operação, fazendo assim a arma favorita de vários países da OTAN, na época.

A produção do FN FAL, entre 1953 e 1988, superou 2.000.000 de unidades. E elas serviram para mais de 90 países, incluindo, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canada (como o C2A1), Grécia, Índia, Israel, México, Paquistão, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido, Venezuela e Alemanha Ocidental.

STG58C

STG-58C

O fuzil britânico L1A1 não é nada mais do que um FAL com modificações feitas a pedido do governo. O Austríaco Sturmgewehr 58 (STG-58) é um FAL sobre produção licenciada à Steyer, até que foi substituído pela linha Steyr AUG.

O FAL participou de diferentes conflitos diferentes em pouco tempo de serviço, assim como a Guerra do Vietnam, Guerra Civil do Camboja, a Guerra dos Seis Dias, Guerra do Golfo, entre outras. Este armamento ainda é encontrado nos arsenais de alguns países, como o Brasil, e nas mãos de alguns grupos rebeldes, guerrilhas e grupos terroristas.

FAL

As 4 principais versões do FN FAL

O FAL foi produzido em diferentes tamanhos, com diferentes materiais e miras, mas existem 4 tipos principais do fuzil: FAL 50.00, ou simplesmente FAL, com a coronha fixa e cano padrão; FAL 50.63 ou FAL “Para” (PARA-FAL), com uma coronha vazada dobrável ao longo do corpo da arma e com o cano menor; FAL 50.64, com a coronha igual a do PARA-FAL, porém com comprimento do cano padrão e o FAL 50.41, também conhecido como FAL Hbar, FALO ou FAP (Fuzil Automático Pesado), uma versão com cano bull (pesado) e bipé, esta versão tinha a intensão de servir como arma de suporte leve.

dsa-58

DSA-58

Os únicos países que ainda produzem esta arma são: Brasil e, o que mais surpreende, EUA. No Brasil, o FAL é produzido pela IMBEL e é usado em todas as forças policiais e Forças Armadas ao redor de nosso país, variações como o MD97, MD2, M3, M4, estes em 5,56x45mm foram todos baseados no projeto do FAL e podemos dizer que fazem parte da mesma família. Nos EUA, a H&R Company produziu o FAL nos anos 50 para testes com o Exército Americano, mas hoje em dia muitas empresas americanas produzem versões diferentes do FAL, usando peças sobressalentes de armas antigas ou de fato novas. A maioria destes fuzis são produzidos apenas em semiautomáticos, para serem vendidos a civis. Provavelmente o fabricante mais notório de FAL nos EUA é a DS Arms Company, que produz o FAL sobre o nome de DSA-58.

You may also like

1 Comentário

Brunno Magalhães. 06/01/2016 - 13:24

Boa tarde!

Gostei do Blog.
Gostaria de saber se alguém pode me ajudar?
Tenho um Parafal de airsoft da King Arms.
Gostaria de saber, se alguém tem uma foto da alça de mira dessa arma?
A foto pode ser até do Parafal verdadeiro.
Pois, estou tentando comprar essa peça mas, não acho.

Desde já agradeço.
Aguardo retorno,
Brunno.

Resposta

Comente essa publicação