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CAÇADA AFRICANA: KALAHARI – Parte I

por Ricardo M. Andrade
12 Minutos de leitura

A fazenda: A fazenda onde caçamos é uma área de 33 mil hectares, cercada apenas na divisa. Dentro da fazenda, os animais tem livre acesso a qualquer parte dela, já que dentro da mesma as cercas existentes são apenas para divisão de pasto de ovinos.

Dia 14/09: Começamos a viagem para minha primeira caçada africana saindo de SP com destino a Windhoek, capital da Namíbia. Todos os tramites de armas OK, embarcamos rumo ao destino final. Após longas e cansativas horas de voo e aeroporto chegamos ao nosso destino, a capital Windhoek.

É impressionante como é simples e fácil o desembaraço das armas no país, papeis preenchidos, números de série conferidos e boa caçada nos é desejado pela policial local. Pegamos dois táxis, já que estávamos em 6 pessoas e muitas malas mais os rifles, e fomos ate nosso hotel, o Arebbush Lodge Travel.

Como chegamos mais de 22:00 local, a única coisa que fizemos foi tomar umas cervejas e cama. No dia seguinte tiramos o dia para um rápido passeio pela cidade e descansar o corpo, já que só nosso PH (Professional Hunter), Freddie, só nos pegaria domingo pela manhã no hotel.

Dia 15/09: Damos inicio a caçada de verdade. As 9:00 Freddie e seu pai já nos aguardavam para carregar os carros e seguirmos em direção a Aranos, distante 350km de Windhoek. A viagem foi tranquila, as estradas impressionam pela excelente condição e baixo número de carros circulando. Além disso, foi possível avistar animais como Babuínos, Orix e Springbucks, todos selvagens.

Chegamos na fazenda e fomos arrumar as coisas, ajudar a descarregar o carro e os mantimentos, arrumar as malas em nossos quartos e conhecer o lugar. A fazenda é maravilhosa, sem luxo mas de um cuidado incrível. Um jardim perfeitamente cuidado, com o camp fire bem ao centro e uma sala de bate-papo repleta de taxidermia das mais diversas.

Após esse meio tempo fomos dar uma volta rápida pela fazenda, onde conhecemos um pouco do terreno que caçaríamos nos próximos dias e avistamos diversas manadas de Blue e Black Gnu, Springbuck, Impala, Orix e os pequeninos Duiker e Steenbook. Nesse dia não nos reunimos no camp fire, mas sim na sala de jantar onde conversamos e começamos a definir o dia seguinte.

ARMAS DE CAÇA

Acima: Blaser R93 em .300weatherby com munição Remington Core Lock de com projéteis de 180 Grains. Abaixo: Winchester 70 em .375H&H usando munição PMP Soft Point com projéteis de 300 Grains.

Dia 16/09: Café da manhã tomado foi hora de ir conferir as lunetas e conhecer o outro PH que integraria o grupo, o Nicolas.

Nessa viagem levamos 5 rifles, sendo 3 Winchester  70 em .375H&H, 1 CZ 550 também em .375H&H e 1 Blaser R93 EM .300 Weatherby. Lunetas conferidas e reguladas para 150m+-. Após isso fomos acertar os detalhes das caçadas e os animais que cada um abateria.
Para mim ficaram: 1 Blue Gnu, 1 Red Hartebeest, 1 Orix, 1 Zebra e 2 Springbuck.
Pro meu pai foi: 2 Blue Gnu, 2 Springbuck, 1 Impala, 1 Black Gnu e 1 Young Kudu. Também ficou acertado que caçaríamos da maneira tradicional, ou seja, rastreando e buscando os animais a pé.

Feito isso, finalmente iniciavamos a caçada pra valer. Eu e meu pai saimos juntos com Nicolas atrás de Springbucks. Andamos pouco minutos e deixamos o carro na sombra e, pé na areia.

Nesse momento vi que caçar em fazendas de caça pode ser tão complicado como em áreas selvagens. Avistamos alguns grupos de Springbucks, mas nenhum com condições de tiro. O vento não ajudava e os animais nos sentiam e corriam sempre, sendo impossível aproximar menos de 500 metros dos bichos. Outra coisa que atrapalhava bastante era o fato da região ser de deserto (kalahari) e possuir pouquíssima vegetação, portanto ficávamos descobertos e facilitava a fuga dos animais.

Tentamos, 1 tiro eu e 2 meu pai, acertar alguns Springbucks na casa dos 400m mas o máximo que conseguimos foi alertar mais ainda os já ariscos animais. Depois de já ter andado, aproximadamente, 6km. Subindo e descendo dunas num sol de rachar, resolvemos mudar de zona. Fomos para outra parte da fazenda, com vegetação mais espessa. Não andamos muitos e achamos um bom macho a uns 150m, apoiei o .375H&H no tripé e puxei o gatilho, o Springbuck caiu como se atingido por um raio. Cumprimentos, abraços e risos pra todos os lados, afinal era meu primeiro animal africano!!!!!!537240_535539999857520_1562999358_n

Foi ai que as coisas começaram a  mudar. Quando nos aproximamos uns 20m o bicho levantou e saiu correndo. Confesso que assustei e dei 2 tiros seguidos, que acabei errando (um foi atrasado e o outro um pouco alto). Todos em silêncio total começamos a nos mover acompanhando o animal, que trotava buscando refugio. Quando ele deu uma brecha, Nicolas abriu o tripé e repeti o tiro, que pegou alto, este foi meu erro, estando nervoso acabei descuidando da posição de tiro e no 5 disparo desliguei o pequeno Antílope, porém, senti a pancada no supercilio e na hora vi o estrago que havia feito.

Coloquei um tanto de papel higiênico pra tentar conter o sangue e chegamos no animal. Nessa hora todos ficamos assustados, pois o primeiro tiro abriu um buraco de +-20cm perto da coluna/omoplata do bicho e mesmo assim ele foi capaz de correr tanto!!! O tiro que o finalizou foi de paleta e pegou pulmão e coração.

Nisso o Nicolas chamou no rádio sua esposa para recolher o Springbuck abatido e, também, me levar para a sede da fazenda. Meu pai seguiu caçando com nosso PH e poucos minutos depois conseguiu 3 bonitos Springbucks, numa das caçadas que virou motivo de risada todos os dias, mas isso ele conta depois!! rsrsrs

Para minha sorte, a mulher de um dos companheiros é médica e tinha levado um kit completo de primeiros socorros, rapidinho ela deu 3 pontos e já estava pronto para outra.

E assim terminou a primeira manhã, 4 Springbucks, 1 Impala e 1 Blue Gnu.

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Como ainda estava meio cabreiro com os pontos, resolvi que passaria a tarde em um blind spot (Cabana camuflada no local de caça) para tentar meu segundo Springbuck ou um Blue Gnu, dessa vez meu PH seria o Freddie, dono da fazenda. Porém, depois de várias horas não tivemos sucesso na espera já que o único animal que apareceu foi uma femêa de springbuck.

Nossos amigos conseguiram 1 Springbuck e mais um Blue Gnu.

Depois de todos retornarem de suas caçadas, nos reunimos no camp fire para contar como tinham sido as caçadas, os tiros e ,claro, tirar sarro da minha cara!!!!rsrsrsrs

Depois da prosa fomos todos jantar e voltamos para o camp fire, onde era regra uma rodada de Amarula para assentar a janta.

Dia 17.09: O dia começou como de costume. Café as 7:00 e logo depois pé na estrada. Nesse dia saímos para tentar meu outro Springbuck e os Blue Gnu, nosso PH seria o “Old Freddie”, pai do Freddie e também dono da fazenda.

1381622_536951926382994_939956913_nComo no dia anterior a sorte não nos acompanhava. Mesmo caçando em uma área de vegetação mais espessos, era impossível aproximação e tiro nos animais. Até que resolvemos mudar de área novamente, rastreamos uma uma zebra solitária, mas ela sumiu como que tragada pela terra. Assim que chegamos na nova área avistamos uma manada de Orix e durante a volta para pegar vento bom para a aproximação fomos “atropelados” por dois bonitos Springbucks que brigavam. Os dois corriam em nossa direção e ao perceber nossa presença um deles deu uma rápida parada, tempo suficiente para eu colocar uma ponta de .300 Weatherby, exatamente, em seu coração e mesmo com o coração explodido o animal correu uns 80m antes de cair, deixando um rastro de sangue inacreditável!!!!!

Levamos o Springbuck até a sede da fazenda e voltamos para o Bush, onde encontramos o restante do pessoal para o almoço, que sempre era um pão com alguma coisa, uns pedaços de biltong e refrigerantes.

Depois do almoço eu sai atrás do meu Blue Gnu com o Freddie e meu pai foi para o outro lado, também atrás dos Gnus com o Old Freddie.

Depois de 1 hora de caminhada encontramos uma manada de fêmeas e logo localizamos o macho, um animal muito velho e de uma pelagem 1374890_535540469857473_2061179223_nlinda. Ai o Freddie começou a mostrar a arte de aproximação. íamos andando entre os pouca vegetação e sempre imitando um som, parecido com um bufado (segundo o Freddie, os Gnus entenderiam que aquele “vulto” seria apenas mais um Gnu), após 30/40min conseguimos chegar numa boa distância e termos nosso macho totalmente separado do grupo. Lembro que quando achei o bicho na luneta, uma árvore caída tampava totalmente minha área de tiro na paleta, falei isso pro Freddie que prontamente me indicou onde colocar o tiro, foi dito e feito. O tiro saiu e vimos que tinha atingindo o lugar certo, nosso Gnu correu pouco mais de 20m e caiu morto. Animal conferido, abraços e apertos de mão e as tradicionais fotos. Depois foi só aguardar a caminhonete chegar para carregar o bichão.

Após descarregar o bicho o Freddie falou para eu descansar, já que ele tinha que resolver umas coisas na fazenda, e que no final do dia sairíamos atrás do Red Heartbeast. Confesso que fiquei aliviado com os minutos que teria para dar uma cochilada, já que aquele dia o sol estava muito forte e o deserto judia das pernas.

Acordei do cochilo com a movimentação na frente da casa, meu pai havia chegado com 2 Blue Gnus e o Freddie também chegara para irmos atrás do Heartbeast. Só troquei de roupa, peguei o rifle e pé no chão. Nos restava pouco mais de 1:30hr de luz do dia, paramos a caminhonete atrás de uma duna e saímos caminhando.

De repente topamos com um bando de Heartbeast a aproximadamente 500m de distância, nos sentamos e começamos a observar se havia 603981_553675128044007_652015512_nalgum bom macho no grupo. Logo Freddie nos avisa que tem um macho muito bom, mas que o vento não nos é favorável, portanto deveríamos aguardar que os animais fossem para o outro lado da duna para então tentarmos tomar vento e aproximar. Foram +- 20min de espera, nesse meio tempo um grupo de fêmeas de Kudu veio pelas nossas costas e alheias a nossa presença passaram a poucos metro da gente, correndo assustadas quando sentiram nosso cheiro. Os Heartbeast desceram a duna e nós fomos atrás, andamos quase nada e avistamos nosso macho só que na hora de abrir o tripé, uma fêmea de Springbuck se assustou e correu o que fez com que nosso animal também corresse. Saímos correndo atrás e assim que ele parou Freddie abriu o tripé e disse que atirasse no que nos olhava. Era um tiro de 180/200m mirei um pouco pra cima e puxei o gatilho, o bicho caiu no lugar. Porém logo tentou levantar mas não conseguia, indicando que tinha sido um tiro de espinha…. acredito que pela corrida antes do tiro, acabei não tendo tanta firmeza pra manter a visada. Nos aproximamos e com um tiro no pescoço terminei de matar ele.

Logo Freddie já veio me cumprimentar e falou que era um macho muito grande, que facilmente daria medalha de ouro. Realmente me impressionou a beleza dele, um pelo incrível e um belo par de chifres. Confesso que nunca tive vontade de caçar um daquele, mas acabou sendo o troféu que mais gostei de caçar, valeu a pena a escolha!!!

Rapidamente tiramos as fotos, já no escuro praticamente. Carregamos o bicho e bora para casa, com o sentimento de dever cumprido e o “fantasma” do primeiro dia afastado.

Nesse dia o camp fire foi uma delicia, todos contando seus tiros, aproximações, dando risadas e ainda me sacaneando pelo corte na testa. kkkkkkkkk

Antes de irmos deitar nos foi passado a programação do dia seguinte. Eu iria atrás da Zebra ou Orix com Old Freddie e meu pai iria com o Freddie até uma outra fazenda para tentar seu Impala e o Black Gnu.

E assim meus dois primeiros dias de caçada Africana chegaram ao fim. No próximo artigo continuo contando minha experiência sobre esta caçada.

Leia a parte 2

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