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IMBEL – UMA VISITA À FÁBRICA DE ITAJUBÁ

por Ricardo M. Andrade
18 Minutos de leitura
imbel
Placa de inauguração da F.I.

Antes de começar o texto gostaria de agradecer ao Coronel Muniz, por permitir minha visita à IMBEL, Fábrica de Itajubá; ao Tenente Coronel Renaldo e Major Afonseca pelas explicações sobre todo o processo de fabricação das armas IMBEL; ao Sr. Venâncio, pela explicação e demonstração das armas da empresa e aos demais colaboradores da IMBEL pela receptividade e explicações sobre a fábrica.

Em 1937, ainda no governo de Getúlio Vargas, nasceu em Itajubá – MG, a então chamada “Fábrica de Canos e Sabres para Armas Portáteis” e que mais tarde se tornou conhecida com o nome atual: IMBEL, Indústria de Material Bélico do Brasil, e à esta fábrica, foi atribuído o nome de Fábrica de Itajubá, ou tão somente F.I.

A IMBEL, Fábrica de Itajubá, é uma das quatro fabricantes nacionais de armas de fogo, e atualmente a única fabricante nacional de fuzis, rifles e carabinas em calibre 7,62x51mm, utilizando sua nova plataforma de armas o IA2, tanto em calibre 5,56x45mm quanto em 7,62x51mm, um projeto que, apesar de ser baseado no antigo FAL, é totalmente nacional. Já suas pistolas são todas baseadas na plataforma 1911, tendo em seu portfólio desde a clássica M911 (pistola monofilar com capacidade de 7+1 em calibre .45 ACP, com corpo totalmente em aço) até pistolas mais modernas, com corpo em polímero, com maior capacidade nos calibres .40 S&W, .380 ACP e 9mm Luger.

Produção

Frame de uma pistola recebida , neste caso, o material é fabricado por empresas terceirizadas.

A Fábrica de Itajubá é estabelecida dentro de um complexo de galpões, onde compreende diferentes etapas dos processos de fabricação das armas IMBEL. Desde o momento de recebimento da matéria prima, onde são divididos por cores os materiais aprovados, em análise e/ou refugados, até o momento em que o armamento segue para despacho, tudo é testado, seja por amostragem, individualmente por que o funcionário identificou algum problema no material, ou também no final do processo de produção onde cada arma é verificada e testada.

Como a maioria das armas IMBEL ainda são produzidas em aço ou alumínio, o processo de produção das partes principais das armas como frame e ferrolho são literalmente forjados no galpão intitulado de Forjas onde há um grande forno aquecido à mais de 1000ºC que aquece barras de aço. Essas barras aquecidas são colocadas em um molde abaixo de um grande martelo, que, com cerca de 400kg de força, bate na barra formando então as diversas peças produzidas, como frames e ferrolhos das pistolas.

Lower do fuzil/carabina IA2 5,56 já usinados.

Apesar da fábrica estar passando por um processo de modernização constante, diversos processos são divididos entre máquinas com mais de 50 anos de idade e máquinas modernas, este é o caso do processo de usinagem. Para usar como exemplo, o processo de usinagem do corpo do fuzil e carabina em 7,62x51mm, que era feito em 120 processos, foi reduzido para 60, e ainda assim é necessário utilizar quase que todo um galpão para a produção desta peça, enquanto a produção do corpo do fuzil e carabina IA2 em 5,56x45mm, começou com 38 processos, e hoje, foi reduzido para 4 processos, utilizando somente maquinário mais moderno.

Pelo fato do Governo Federal ser responsável pelo orçamento da IMBEL, é feito menos investimento na fábrica do que o necessário para que toda ela seja modernizada mais rapidamente, mas é esperado que dentro de 3 meses novas máquinas cheguem à empresa melhorando ainda mais a produtividade na fabricação das armas.

Guarda mão do fuzil/carabina IA2 recém confeccionados.

Todas as peças em polímero, com exceção da case em que as armas são entregues, são produzidas pela própria IMBEL, em Itajubá, moldes são inseridos em máquinas que injetam neles polímero derretido, e em poucos minutos a peça sai pronta, seja o frame de uma pistola 9 TC MD6, seja o guarda mão do fuzil IA2.

O cano das armas, forjados a frio, participam de um interessante processo de raiamento. Todos os canos são, no início, uma barra de aço com um furo no meio e através de uma barra é produzido somente um cano de fuzil e mais de 4 canos de pistola, dependendo do tamanho. Essa barra de aço é colocada em uma máquina onde ocorre o raiamento através da introdução no furo do cano, e enquanto a barra gira 4 martelos atingem-na centenas de vezes por minuto, causando a prensa contra esta ferramenta e a alongando de forma a possibilitar a marcação das estrias no que, mais à frente se tornará o cano de uma arma de fogo. Os canos de fuzil, no final, ainda são cromados por dentro, processo que aumenta significativamente sua vida útil.

Antes das armas serem montadas, elas recebem o “Tratamento Superficial” que é exatamente o acabamento que vemos nas armas quando às recebemos seja a oxidação das peças ou a pintura epóxi. Em relação à esta pintura existem muitas críticas, porém, de acordo com o Major Afonseca, a IMBEL passou a cobrar parâmetros para os fornecedores da tinta, fazendo com que não recebam material de baixa qualidade, evitando que a pintura das armas descasque com facilidade, como era visto anteriormente.
Após as armas receberem o tratamento superficial, elas seguem para montagem onde os funcionários finalmente pegam peça por peça, montam dentro da arma, fazem a gravação de número de série e demais informações contidas na arma, e as encaminha para a última revisão de qualidade.

Todas as armas, sem exceção, são inspecionadas, não só de forma visual, mas também fazendo teste de todas as suas funções. Um ou dois funcionários fazem o manuseio da arma, testando tudo desde disparo a seco, travas ou ADC, teclas, botões, trava do percursor e o peso do gatilho. Após receberem essa inspeção as armas seguem para teste de tiro em um estande fechado de cerca de 50 metros, onde o atirador realiza, primeiramente, dois disparos com munição original com carga 30% mais forte do que o utilizado normalmente com o objetivo de detectar quaisquer problemas que os canos possam ter, caso não tenham sido identificados em todos os processos anteriores. Tive a oportunidade ainda de ver o lote de teste de produção em massa, chamado de lote piloto, da nova carabina IA2 7,62x51mm, este lote é produzido antes da arma entrar de fato em produção em massa.

Após inspeção seguem para o teste de precisão a 15 metros, onde 10 tiros são disparos com as pistolas, sendo 2 para encontrar a mira e 8 para conferir a mira. Já com os fuzis é feito teste com 40 tiros a 50 metros. Após serem testados e aprovados, as armas seguem para estoque, onde aguardarão autorizações de compra para serem faturados e finalmente entregues ao consumidor final, seja este uma força de segurança do governo ou um cidadão comum.

Pistola da Springfield Armory fabricado pela IMBEL.

Por muitos anos a IMBEL produziu diversos modelos das pistolas Springfield Armory e nesta visita foi possível ver alguns desses modelos que eram exportados. Visualmente o acabamento das armas exportadas parecia ter uma qualidade melhor do que das armas do mercado interno, porém, em conversa com o Tenente Coronel Renaldo, foi informado que as armas Springfield passavam por exatamente o mesmo processo de fabricação das outras armas, e à elas era atribuído as mesmas matérias primas das armas nacionais.

Produtos

Ao final da visita, pude ainda conhecer e testar os produtos IMBEL como a nova pistola 9 TC MD6 e 380 TC MD6. Armas compactas, com corpo em polímero, desenvolvidas para porte velado e defesa pessoal e assim como as outras armas IMBEL, são robustas apesar de possuírem corpo em polímero, possuem suporte central enxertado junto ao polímero, ou seja, ele não é preso por pinos ao corpo mas faz parte dele deixando o armamento mais resistente sem ganhar tanto peso.

à esquerda pistola 380 TC MD6 e à direita pistola 9 TC MD6, nos calibres .380 ACP e 9mm, respectivamente.

Além disso, foi possível conhecer também a nova carabina IA2 em calibre 7,62x51mm, uma carabina relativamente compacta, e que possui pouquíssimo recuo, algo totalmente diferente do que eu imaginava, principalmente pelo fato do cano ser menor do que o esperado em um fuzil.

O fuzil IA2 7,62, mesmo no regime de fogo automático é também muito controlável, diferente do que era o antigo FAL ou PARAFAL, utilizando o mesmo sistema de disparo. Além de serem armas relativamente leves. As armas são também muito precisas, foi fácil acertar balões colocados à uma distância de cerca de 50 metros, mesmo nunca tendo atirado com as armas anteriormente.

Nova Carabina IA2 calibre 7,62x51mm.

A carabina e fuzil IA2 5,56x45mm que se diferenciam somente por conta do regime de fogo (o fuzil tem regime automático e a carabina somente semiautomático) possuem as mesmas características do IA2 7,62, armas relativamente leves e tiro bastante preciso, e quando utilizado regime automático, o tiro é ainda mais controlável, desta vez, por conta não só do calibre, mas também por conta de um freio de boca (Muzzle Breaker), que ajuda muito a controlar a arma durante os disparos.

Na parte de cima, carabina IA2 5,56x45mm e abaixo, fuzil IA2 calibre 5,56x51mm. Sendo que m a única diferença entre eles é o regime de fogo, onde no fuzil existe como regime automático e na carabina somente semiautomático.

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3 Comentarios

Benedito Carlos Marcal 06/07/2019 - 17:14

Eu também já trabalhei na imbél quase deis anos foi na oficina de forjas

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Ricardo 07/01/2020 - 13:48

Boa tarde, sou policial militar do Rio de Janeiro e a Noz de armação da minha GC M01 oxidada quebrou, como faço para adquirir um novo?

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Ricardo M. Andrade 21/06/2020 - 15:23

Procure um armeiro da sua região ou faça contato diretamente com a fábrica.

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