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Calibre da Semana: .280 British

por Ricardo M. Andrade
6 Minutos de leitura

Esta semana iremos apresentar aos senhores o calibre .280 British, também conhecido como: 7 mm NATO, .280/30, .280 Enfield, .280 NATO, 7 mm FN Short, and 7×43mm e seu nome oficial, usado até hoje, 7mm MK1Z.Este calibre possui um projétil de 139 grains atingindo a marca de 2.530 ft/s (algo em torno de 770 m/s).

O .280 British foi um calibre experimental, desenvolvido pelo Exército Britânico no final dos anos 40, com a ajuda da fábrica belga de armas e munições a FN Herstal (Fabrique Nationale de Herstal) e pelo Exército Canadense. Este calibre foi testado em diversos tipos de fuzis, rifles e metralhadoras, como o EM-2, Lee-Enfield, FAL, Bren, M1 Garand e a Taden. Apesar de seu sucesso como um calibre intermediário, o .280 British não foi considerado poderoso o suficiente pelo Exército Americano, e dezenas de variações do .280 British foram criadas para tentar satisfaze-los, mas mesmo as variações o Exército rejeitou, adotando então o calibre 7,62x51mm NATO.

Após a Segunda Guerra Mundial, os britânicos começaram um programa para substituir o venerável calibre .303 que já deveria ter sido

Protótipo de FN FAL em .280 British.

Protótipo de FN FAL em .280 British.

substituído, mas continuou vivo em consequência das pressões sofridas pelos tempos de guerra no desenvolvimento de armas britânicas. O objetivo dos britânicos era criar um calibre que pudesse substituir todas as armas britânicas em .303. Assim, o calibre deveria demonstrar um desempenho balístico igual aos de rifles em calibres maiores, e ainda proporcionar o menor recuo possível, para que pudesse ser facilmente controlado quando disparado rapidamente ou em fogo automático, a arma que suportasse este calibre pudesse ser menor e mais leve e fosse então mais fácil de usar.

Após extensos testes feitos pela “Ideal Cartridge Panel” o recuo deste calibre foi calculado para ser a metade do recuo do .303. A sua performance em tiros longos foi ainda melhor do que a do .303, atiradores afirmaram que era mais confortável de usar este calibre devido ao menor recuo e menor barulho do tiro. Parecia que os britânicos tinham atingido seu objetivo, e foram adiante para fornecer o calibre à aliados da OTAN. Apesar do interesse dos Canadenses e Belgas, os americanos não ficaram interessados no calibre, e disseram que não adotariam um calibre menor do que .30, ou com efeito balístico inferior ao então padrão .30-06. Os britânicos tentaram satisfazer os americanos com pequenas mudanças, como reduzir o tamanho do aro para o mesmo tamanho do aro do .30-06, resultando no .280/30. Mais tarde, quando os americanos rejeitaram o .280/30 por ser muito fraco e com uma caída do projétil muito grande, os Britânicos e os Belgas fizeram grandes mudanças em seu desenho. Resultou então em diversas variações, colocando menos o projétil da .280/30 dentro da cápsula, para que assim

Fuzil EM-2 em .280/30

Fuzil EM-2 em .280/30

pudesse caber mais propelente. As diferentes variações que os Belgos e Britânicos fizeram disparavam projéteis de 140 grains em uma velocidade de 2700 a 2800 ft/s (82 a 850 m/s), mas com um recuo e estampido de tiro muito maior do que o .280/30 original. Insatisfeitos com a resposta do Exército Americano perante este problema, os britânicos adotaram a EM-2 em .280/30 como fuzil primário em 1951, com o .280/30 sendo renomeado para 7mm MK1Z. Mas todo seu esforço foi em vão, quando os americanos adotaram o T65 (depois modificado para 7,61x51mm NATO).

Uma mudança de governo significou que o 7mm, EM-2 e o projeto da Taden seriam abandonados logo após que Winston Churchil saísse do poder, que retornou como primeiro ministro e desejou que o calibre dos paises que fazem parte da OTAN fosse padrão. Pequenas quantidades de .280/30 foi depois produzido nos anos 60 para várias armas de teste.

O conceito do .280/30 se provou depois estar muito a frente de seu tempo, e o próprio EUA adotou um calibre intermediário – 5,56x45mm – no fim da seguinte década. Logo após o começo da guerra do Vietnam, em 1965 o fuzil AR-15 em 5,56x45mm, depois padronizado para M16, foi comprado em um número ainda maior, e logo no fim dos anos 60 tinha tomado o lugar do rifle M14 em 7,62x51mm nas unidades de combate. O que provou a urgência de um calibre intermediário no campo de batalha.

Ainda no final dos anos 60, uma versão do .280 British foi criada usando uma projétil de 6,25 mm em uma cápsula afunilada para .280 British. Este calibre foi feito em resposta a experimentos do Reino Unido que tentava encontrar um calibre militar ideal. Calibres grandes são calculados para necessitar de mais energia para penetrar as várias camadas de um colete balístico. Depois de vários “Soluções Otimizadas”, indo de um projétil de 4,5mm a 7 mm, o 6,25 mm foi a solução preferida. Um projétil de 100 grains tinha a velocidade inicial de 2680 ft/s (820 m/s) e uma energia de 2160 J. Enquanto o 7,62x51mm necessitava de 700 J de força de impacto para penetrar capacetes e coletes balísticos pesados, o 6,25mm precisava de apenas 580 J de impacto propiciando o mesmo efeito mesmo com um tiro a 600m de distância. E era eficaz mesmo em distâncias maiores, produzia um recuo parecido com o do 5,56x45mm. entretanto, ele não foi feito para tiros longos por conta de seu projétil leve. Testes do 6,25X43mm foram feitos de 1959 a 1971, quando seu desenvolvimento parou para criarem o calibre 4,85x49mm.

Dados Técnicos:

Nome Diametro do Projétil Comprimento da Cápsula Aro Comprimento Geral Velocidade Peso do Projétil
.280 British 7.214 mm 43.434 mm .280/30: 12.01 mm
.280 British: 11.633 mm
64.516 mm Approx. 2,500 ft/s (760 m/s) com um projétil de 140 grains. 130–140 grains

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3 Comentarios

MalExGrimmjow 28/06/2016 - 23:18

Será que hoje em dia esse calibre poderia renascer, tenha visto a necessidade de algo entre o 7,62×51 e 5,56×45 para emprego geral? Digo o .280/30 British.

Ótimo artigo.

Resposta
Eugenio Oliveira 22/01/2018 - 16:35

Olá. Gostaria de saber mais sobe o calibre 6.5×55. Sou CAC e pretendo comprar um rifle neste calibre, ou 7.62×51, mas como ainda não encontrei muita coisa sobre o 6.5×55 anda não me decidi.
A intenção é o tiro esportivo e eventualmente caça ao javali (espera a mais ou menos 100 metros).
Poderia me orientar sobre qual seria o mais viável? Obrigado.

Resposta
Ricardo M. Andrade 15/02/2018 - 21:56

Irei estudar sobre o calibre referido e faço contato posteriormente

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