Pode soar um pouco contraditória a muitas pessoas, mas na prática é assim que as coisas funcionam.
Hoje em dia o caçador amador é o grande responsável e financiador de estudos e trabalhos de pesquisa e conservação das espécies e seu habitat. Para os que me perguntarem como isso é possível, já que matamos um animal na caça, eu respondo que jamais o caçador exterminará seu esporte.
A caça em quase todos os países é regulamentada e gerenciada de maneira exemplar e rígida. Não se sai por ai com uma arma na mão atirando em tudo que se mexer no mato. São seguidas normas e regras sobre quantidades mínimas, épocas do ano e outros fatores em consideração.
Ouço falar muito, principalmente aqui no Brasil, a seguinte frase: “ só aceito que se mate o que for para comer”. Eu gosto sim de apreciar uma boa carne de caça, mas não caço para comer. Se o problema for ter carne na mesa, basta ir ate um mercado que compro, sai ate muito mais barato.
O que move um caçador a caçar, falo por mim, é todo o processo que envolve uma caçada. Desde a conversa marcando a data da caçada, passando pelo preparo da munição e demais tralhas, ajustes de miras, o telefonema do companheiro na madrugada avisando que está na porta da sua casa, até a conversa na beira da fogueira no acampamento, com toda a turma, dando boas risadas e apreciando os sucessos e fracassos do dia.
Falo que quando estou no mato, seja nos canaviais caçando javalis, nos montes espanhóis atrás de cervos ou na savana africana, me torno uma pessoa diferente. Sinto meus instintos mais aguçados, uma paz toma conta da alma me sinto parte do ambiente.
É uma sensação difícil de descrever, somente vivenciando-a para saber ao certo o que digo, só posso garantir que é a melhor sensação do mundo!
Mas voltando…
A caça movimenta uma gigante indústria, que passa desde lojas de armas e acessórios, ate o setor hoteleiro, gastronômico, artesanatos/taxidermia, guias de caça e muitos outros.
Para se ter uma ideia do que falamos, só no ano de 2012 a caça esportiva gerou mais de US$92milhões na África do Sul, somente em valores gastos diretamente em fazendas/outfitter por turistas estrangeiros. Se acrescermos outros setores e o gasto dos próprios sul africanos que caçam para obtenção de carne esse valor seria muito maior.
No total, foram abatidos mais de 40mil animais no ano. Podem achar que os animais acabaram desse modo, mas é justamente o contrário, já que fazendeiros, hoje, estão investindo pesado na criação de diversas espécies justamente para a caça. Ou seja, ao invés de se criar gado para serem mortos em abatedouros, hoje criam zebras, impalas, rinocerontes, elefantes e leões para serem vendidos como troféu de caça a caçadores.
Pode parecer cruel, mas somente assim essas espécies estarão salvas da extinção, pois as mesmas e seus habitats são fonte de renda para os donos das terras. Já aqui no Brasil, onde a caça não é regulamentada, os animais nativos são fontes de prejuízos para donos de terra e matas nativas, não dão renda, por isso a cada dia temos menos áreas de matas nativas e algumas espécies vem diminuindo drasticamente devido a perda de habitat.
1 Comentário
Belo texto, concordo plenamente com suas palavras, infelizmente nossos legisladores não pensão
assim. Enquanto isso, fico só nas boas lembranças, dos campos, do trabalho do pointer….