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As crianças e as armas

por Ricardo M. Andrade
4 Minutos de leitura
Crianças e armas

É notório o grande preconceito que nossa mídia tem com crianças que praticam tiro, e não só com as crianças em si, mas com os pais, taxando-os de irresponsáveis e dizendo que os criam para um mundo violento (como se vivêssemos em um país pacífico e seguro).  No Brasil é necessário uma ordem judicial para que menores de idade possam praticar um esporte  que nos rendeu a primeira medalha de ouro em jogos olímpicos e é tão renomado em todo o mundo.

A entrada de crianças em estandes de tiro passa por uma restrição ainda maior do que de adultos. Alguns locais não aceitam nem mesmo a entrada de menores de idade em suas apropriações, independente do acompanhamento dos pais. A prática então, de fato, ocorre apenas com ordem judicial, pois, é proibido que os menores tenham acesso a armas de fogo, como diz o Artigo 13 da lei 10.826/03:  “Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade. – Pena: detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.” – Ou seja, elitizando ainda mais um esporte que já é elitizado por lei, já que possui altos custos por conta da nossa restrita e abusiva lei de desarmamento.

Quando a mídia nacional veicula notícias de crianças em países estrangeiros que atiram, há um claro preconceito e julgamento, criticando a appleseed_1623webcultura local e suas leis mas se esquecem que no país em questão as armas não são banalizadas como são no Brasil. Muitas das crianças necessitam da arma até mesmo para defesa, já que as vezes os pais ficam fora o dia inteiro e a criança fica sozinha em casa. Não é difícil vermos notícias de crianças de 8 a 11 anos que utilizaram de uma arma de fogo para defender sua vida e residência na ausência dos pais, o que torna o discurso midiático nojento e inválido, já que julgam tal cultura que não está lhes fazendo mal algum. Muito pelo contrário, quem frequenta algum estande de tiro ou tem ao menos um mínimo de contato sabe que a prática do tiro, na verdade, não traz prejuízos, mas sim melhorias na percepção, atenção e responsabilidade.

Ao iniciar no tiro, uma das primeiras coisas que se aprende são as regras de segurança que são cobradas com veemência por todas as pessoas tais como: dedo fora do gatilho quando não se vai disparar, nunca apontar a arma para algo que não pretenda alvejar, óculos de proteção e protetor auricular sempre presentes, nunca atirar próximo a alguém, sempre que alguém entra na pista de tiro as armas são abaixadas e todos tratam toda arma (seja de fogo, airsoft ou paintball) como uma arma real e carregada, o que torna acidentes em estandes de tiro e com proprietários legais de armas de fogo, raros.

87f8fa880cb507ea37ba85047d51ad14A responsabilidade que os pais carregam ao ensinar seus filhos a atirar é grande, mas, crianças e adolescentes ao serem apresentados ao que uma arma pode causar caso manejadas de forma incorreta, tem sim plena consciência do que estão fazendo. Ao serem ensinadas a como usar uma arma de maneira correta, ao conhecerem tal ferramenta, passam a respeitar o objeto e não o temem mais. Grande parte dos acidentes acontecem por curiosidade das crianças ao encontrarem armas e nestes casos a curiosidade não existe, elas simplesmente não fazem nada com uma arma encontrada pela casa sem querer, e quando as pegam sabem exatamente o que fazer, diminuindo assim índices de acidente com armas de fogo pelos pequenos.

Portanto, nem a mídia e muito menos o governo devem interferir na maneira que uma família educa seus filhos, não se deve tratar com preconceitos e muito menos julgamentos a maneira que uma criança é educada. Se fazem tudo de forma legal, regular, não há motivos para serem alvo de uma mídia preconceituosa que tenta enfiar goela abaixo seus pensamentos,  cujo 60% da população brasileira disse não querer em 2005. Mas eles e o Estado não gostam de perder, e nos obrigam a aceitar o resultado que eles queriam.

 

É visível a intimidade e respeito que a criança do vídeo acima tem com as armas, respeita todas as regras de segurança, utiliza todos os equipamentos de segurança, maneja a arma com cuidado, sempre que não está disparando está com o dedo longe do gatilho, e maneja as armas com perfeição. A chance de coisas ruins acontecerem com essa garota em relação a acidentes com armas de fogo são ínfimas, pois ela respeita esta ferramentas, que no caso, serve para seu esporte.

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2 Comentarios

Manuel 13/07/2019 - 23:11

Gostaria de saber sua opinião se é saudável um padrasto deixar a arma dele como se fosse um controle remoto de tv no sofa ao lado do enteado.

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Ricardo M. Andrade 21/06/2020 - 15:50

Não sei se essa pergunta foi um deboche ou não, mas irei responder de forma séria. Armas não são brinquedos, jovens e crianças podem e DEVEM ter acesso às armas, principalmente para sanarem a curiosidade e evitar assim acidentes, mas é óbvio, só faça isso se você se sentir seguro e se seus filhos e/ou enteados, tiverem capacidade psicológica para manusear uma arma.

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